GLOSSÁRIO
infradesconexão
A noção de nuvem consiste, conforme Jennifer Holt, em um conceito de marketing que torna as realidades física e infraestrutural do armazenamento de dados uma abstração palatável para aqueles que a estão utilizando conscientemente ou não. Utilizar o Dropbox, ou armazenar os dados na nuvem de uma maneira geral, implica se envolver em uma geografia que implica uma crescente dependência sobre cabos submarinos e outras infraestruturas internacionais de comunicação. No coração da nuvem estão os data centers, a presença física desse espaço imaginário, que preferem ainda permanecer na invisibilidade, discrição e restrição de acesso.
nuvem
A opacidade vela uma operacionalidade passiva da parte de humanos, automatizada ao máximo e limitando a atuação do usuário, sendo obscura em seus resultados e operações.
opacidade
logística
A ideia de logística tem início no contexto militar, entre os séculos dezessete e dezoito, quando a supervisão logística das linhas de alimentação possibilitou aos estrategistas militares superarem as práticas de pilhagem e saque, que mantinha as tropas sempre em movimento na busca por comida, água e forragem animal. As operações logísticas transformaram a condição nômade, permitindo que as batalhas se dessem no entorno da infraestrutura de cidades fortificadas e com provisões mais sedentárias, com as tropas e as munições sendo transportadas para as linhas de frente dos conflitos. A racionalidade logística aborda a administração do trabalho através de sistemas de comando e controle, no que atualmente se expressa na interface entre infraestrutura, protocolos de software e de design, além de no trabalho situado através das cadeias de fornecimento (cargas de transporte marítimo, ferroviário e rodoviário, fornecimento e armazenamento).
Conceito flusseriano para refletir sobre as imbricações entre técnica, imaginário e pensamento, considerando o poder da codificação e da programação das imagens nos nossos modos de ser. Entender tecno-imaginário envolve entender conceitos e teorias por trás das técnicas e dos aparelhos, desmascarando-os através da articulação entre conceitos, técnica e imaginação.
tecnoimaginário
A sujeição das relações sociais às interações que permitem a extração dos dados, por vezes através de formas expandidas de trabalho não remunerado.
datificação
Processo através do qual pessoas comuns usam imagens, sons, objetos, observações, informação e experiências tecnológicas para imaginar a existência e forma de uma infraestrutura midiática dispersa e extensa que não pode ser observada por uma pessoa em sua integridade.
inteligibilidade
infraestrutural
Cabos submarinos, data centers, torres de telecomunicação e estações terrenas de satélites são diferentes tipos de infraestruturas que sustentam nosso senso de conexão tecnológica.
território infraestrutural
A operação material de projetos tecnológicos, assim como a forma a qual essa materialidade tem consequência para processos políticos, tem sido investigada por pesquisadores por meio do conceito de tecnopolítica. Analisa-se, por meio de tal conceito, como por trás de tais projetos se encontram comumente planos de reorganização populacional e territorial. Na lógica liberal que nega a si mesma, as infraestruturas são interessantes porque revelam formas de racionalidade política que se invisibilizam por meio de argumentos que datam do período colonial e eram utilizados para justificar a colonização, organizar territórios e afetar populações originárias
tecnopolítica
O data center, como uma infraestrutura da comunicação que possui um altíssimo custo de energia relacionado ao resfriamento de seus servidores, pode ser compreendido através de uma longa lista de aspectos, como o concreto e o ferro do prédio; o seu cabeamento específico; suas operações internas envolvendo mecanismos de segurança e proteção ao fogo; seus regimes de treinamento (como a certificação Cisco) necessários para os seus operadores humanos; os tipos específicos de dispositivos computacionais engenhados para otimizar o espaço e reduzir custos (como servidores IRU); os softwares específicos para os seus sistemas de operação (geralmente Linux ou variações de UNIX); os softwares utilizados para monitores, rotear, equilibrar e otimizar o tráfego da rede e a banda larga; os algoritmos que garantem a segurança, a redundância e otimização na escrita dos dados para o disco, etc. Tudo isso é geralmente padronizado no fluxo entre aplicação militar, financeira e comercial.